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A mulher na história da filosofia

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A forma como os filósofos, em geral, tematizam a mulher ao longo dos séculos, demonstra um claro desprezo ao ser feminino. Aproveitando-nos de uma passagem de Pitágoras,  o mesmo afirma que “existe um princípio bom que gerou a ordem, a luz e o homem; há um princípio mau que gerou o caos, as trevas e a mulher”. [Pitágoras era homossexual].

Ao longo da história, o pensar foi considerado um privilégio dos homens. Houve, contudo, uma participação lenta das mulheres na vida acadêmica. Um dos poucos registros históricos acerca do tema foi a existência de um centro de formação intelectual para mulheres, escola esta fundada por Safo, poetisa de Lesbos nascida em 625 a C assim como a filósofa,  astrônoma  e geômetra Hipátia cerca de 355 d.C,  que foi perseguida e morta pela Igreja Católica  por sua crença neoplatônica, e religiosidade vista como pagã e seus pontos de vista sobre o Cosmos.

"O homem belo só o é quando o contemplam, mas o homem sábio é belo mesmo quando ninguém o vê." Safo

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Hipátia ou Hipácia de Alexandria ( 355 - 415 d. C )
Sócrates Escolástico relata: “Havia em Alexandria uma mulher chamada Hipátia, filha do filósofo Theon, que fez tantas realizações em literatura e ciência que ultrapassou todos os filósofos de seu tempo. Tendo progredido na escola de Platão e Plotino, ela explicava os princípios da filosofia a quem a ouvisse, e muitos vinham de longe para receber seus ensinamentos.”

A história da filosofia demonstra a presença de várias mulheres filosofas. Seus trabalhos não foram reconhecidos e difundidos por questões culturais, mas a filosofia desde as suas origens pertenceu ao gênero humano independente de gênero.

No Renascimento “percebe-se um aumento significativo das instituições escolares.Mas às mulheres mais uma vez só é concedido um saber incompleto e sob uma forte vigilância”, realizado, especialmente através de instituições religiosas. Em Rousseau, o quinto capítulo do Emílio é marcado pela construção de um conhecimento que esvazia a possibilidade da mulher pensar. Segundo ele, “elas devem aprender muitas coisas, mas apenas aquelas que lhes convém saber” (ROUSSEAU citado em STRÖHER et al., 2004: 228).
A importância social das mulheres enquanto seres que pensam foi e permanece sendo um desafio para que haja um equilíbrio no relacionamento homem/mulher.
Platão achava que as mulheres eram tão capacitadas quanto os homens para governar. Isto porque os governantes deveriam dirigir a cidade-Estado com a razão. Platão acreditava que as mulheres tinham a mesma razão que os homens, bastando para isto que recebessem a mesma formação que os homens e fossem liberadas do serviço de casa e guarda das crianças.

Aristóteles já afirmava que o corpo feminino está dotado de um cérebro menor. Pode-se dizer, portanto, que existe uma redução da mulher ao seu corpo, sendo-lhe impedido desenvolver sua capacidade racional e intelectual. O corpo é visto como algo historicamente negado. “A concepção do corpo como cadáver ou sepultura da alma ou psyché, que advém do orfismo-pitagorismo, migra para a filosofia de Platão, constitui a filosofia aristotélica e assume seu tom mais enfático no pensamento medieval” (TIBURI et al., 2002: 35).
Durante muito tempo falou-se, para alegria dos homens, na diferença de tamanho: de fato, o cérebro da mulher pesa em média 1,150 kg e o do homem chega a 1,400 kg. Mas hoje os cientistas sabem que o tamanho do cérebro não documenta necessariamente inteligência. "Na realidade, nem homem nem mulher usam todos os seus neurônios, de maneira que o tamanho do cérebro dá e sobra tanto para um como para outro", pensa o neurologista José Levy, da Faculdade de Medicina da USP. "A única diferença importante ocorre na região cerebral do hipocampo - onde se situa a glândula hipófise - que trabalha de forma contínua nos homens e ciclicamente nas mulheres."

Embora a mulher tenha sido desprezada na história da filosofia, o tema «mulher» foi abordado por muitos pensadores. Textos de importantes filósofos como Platão, Aristóteles e Kant, retratam a diferenciação entre os sexos. No entanto, estudos sobre as mulheres aparecem em obras menos conhecidas, as quais tratam de temas relacionados a moral, o que, certamente contribuiu para que a questão da discriminação da mulher passasse despercebida. Além disso, quando o tema referente às mulheres aparece em textos filosóficos, este é cercado de muitos preconceitos, tentando demonstrar uma suposta inferioridade natural da mulher. No entanto, é preciso ter presente que as abordagens sobre a mulher encontram-se numa história da filosofia que foi escrita por homens.


Compreender as coisas que nos rodeiam é a melhor preparação para compreender o que há mais além. Hipátia de Alexandria


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About Elisa Rocha

Livre pensadora ▃▃ uma aprendiz onde a existência é um eterno descobrir, artista plástica, amante da natureza, curiosa sobre a vida e seu sentido. Sou apaixonada pelas inovações da ciência, pelas maravilhas que o Cosmos nos revela e tenho esperanças no crescimento do homem enquanto ser afetivo e racional. ❤ Acredito que o melhor lugar do mundo está dentro do nosso próprio interior onde temos o poder de nos libertar ou aprisionar. ✔
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4 Ponderações:

  1. Ana,

    Pena que a misoginia passou a ser através dos tempos uma constante. Infelizmente, a partir do momento em que as sociedades humanas deixaram de ser matriarcais, os homens logo trataram de excluir as mulheres e trancá-las em casa. Perdemos todos.

    "Compreender as coisas que nos rodeiam é a melhor preparação para compreender o que há mais além."

    Belíssimo!

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  2. Oi Warley
    Ainda bem que muitas coisas mudaram e a maioria das mulheres já tem seu espaço conquistado, principalmente aquelas que tem ou tiveram ao seu lado o apoio de grandes e importantes homens inteligentes.
    A cultura vai mudando gradativamente trazendo a evolução, deixando para trás os preconceitos e mitos concebidos de mentes pequenas.

    Um abraço.
    ..

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  3. Se eu dobrasse a perna esmagando meus bagos, falasse fino, não tivesse barba e não admitisse minha fraqueza e, por isso, evidentemente que dependência de quem me protegesse, no caso meu marido, como fazem muitas mulheres revoltadinhas hodiernamente, eu também não filosofaria.

    Enfim, Filosofia não é, historicamente, para mulheres.

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  4. Já fez pelo menos uns 100 anos que as mulheres se livraram do jugo do macho, pelo menos aqui no ocidente, então, por que não há um só Aristóteles de saias ou um Platão ou Olavo de Carvalho de saias? Por que a mulher não assume sua falta de apetite para a Filosofia?

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